Até quando terei que esperar-te? Esperar meu doce, velho amigo,
O amigo que não conheço, meu amado inimigo.
O que me tira suspiros por noite adentro,
Aquele que me fatiga a carne, expõe-me a alma,
Tira-me a folga, a luz, tira-me a calma.
Até quando deixarás o lençol gelado?O travesseiro sem dono...
Meu sangue batendo nas veias sem motivo algum!
Por que queria ele encher-te a boca de vinho ardente,
Queria ninar-te, ao pé do ouvido, segredos esquecidos,
E derramar por todo seu anônimo ser a paixão,
O selvagem, O quente. A loucura enjaulada há tanto.
Por que me deixastes no abandono...
Abandonas o que nem conheces. Abandona-me e
Deixa-me com gosto amargo na boca,
Por nunca ter provado gosto algum. E mesmo assim,
Me persegues por esquinas, bares, projeta-tes em janelas,
Copos, projeta-tes em outros homens, outras bocas,
Outros sexos...
Mas sei que não és tu.
Tenho certeza de que me observas, testas minhas forças,
Minhas sinas, meus desejos... E sei! Tu consomes-te de ciúmes,
Roes as unhas quando vês que caio em tua própria armadilha...
Arrepende-te, e tomas tua falsa versão de mim,
Abandonando-me duplamente,
Acabando com o resto de ser que resta dentro de mim.
Perco-me, procuro-te; não acho mais nada...
Nunca acho. Deliro, definho... morro por ti.
Amado amigo, meu desconhecido.
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