domingo, 20 de março de 2011

Sol e Sal


Amigo, lembra-te daquele dia em que tomamos um café amargo, e o azedo da bebida escorregou por nossas línguas, fazendo uma mistura com sabor de infância?

E nossos corpos pequenos, ainda pequenos, se entrelaçaram num abraço de irmão, mas nos amamos feito feras famintas, e comemos e comemos o cordeiro há tanto tempo deixado de lado.
Lambuzamo-nos de carne maldita, arranhamos os temperos e as bocas, sentimos o cheiro da boa sujeira escorrendo pelos cabelos, abrindo os poros e deliciando a vida.
Tu te lembras disto, amigo? Do dia que nada prometia e acabou em profecia noturna, desejo soturno que se alastrou pelo fogo adormecido dentro do íntimo de cada qual.
Teus olhos negros queimavam em brasa, meus lábios ardiam e incendiavam a derme toda, tua pele arrepiada e atenta aos toques meus; tu me consumias como homem, com fome de menino assustado, mas seguro. Seguro de ti, seguro de mim, num aperto e aproximação que só os deuses conseguem ter.
E no fim da noite, o jorro do prazer já cessado, e nós já fatigados de saudar com ferocidade a alegria, deitamos feito bebês; não ligando para nada, a preocupação voltada simplesmente em abrandar as batidas do coração, tão frenéticas e harmônicas. Dormimos com o gosto adocicado e boêmio da noite, e tu, amigo, tão firme e tão meu, esvaiu-se em lembrança presente.

sexta-feira, 18 de março de 2011

De fraldas à comida congelada.

Ah, que saudade de jorrar ideias que caem certeiras no lugar errado, com jeitinho, assim discretas!
Ah, esse corpo pequeno já fatigado por lavrar e lavrar, essas coisas que gente grande (de igual tamanho) faz, nao consegue parar pra pensar! Corre dali, anda acolá, senta, levanta e começa outra vez.
E a poesia por enquanto dorme, descansa da vida epilética que me dá, vez ou outra, tremeliques de exaustão. Se quero parar? ah, não!