terça-feira, 10 de março de 2009

VÁ TRABALHAR, VAGABUNDO.


Hoje, indo para casa almoçar, me deparei com uma situação que me deixou pensativa e logo após muito inconformada; no farol, haviam duas pessoas, um homem e uma mulher (esta estava sentada, aparentemente descansando um pouco), e o homem fazia malabarismos com três bolinhas laranjas, para que conseguisse algum dinheiro. Uma pessoa (que não preciso dizer quem), fez uma cara de desaprovação pra cena e disse: “ Vá trabalhar, filho da puta! Vá roçar um quintal”.
Quer dizer, se matar no sol tirando mato de um terreno que ninguém provavelmente vai usar é trabalho digno de reconhecimento, agora se matar no mesmo sol, fazendo o mais difícil que é chamar a atenção das pessoas no farol – lugar onde todos provavelmente estão estressados, com pressa (como sempre) de querer chegar a seu local de destino – e tentar mostrá-las a complexidade das artes circenses, querendo em troca apenas algumas moedas e quem sabe um sorriso no rosto, não; isso é repugnante, é coisa de gente vagabunda querendo ‘ganhar dinheiro fácil’.
Numa sociedade capitalista, onde tempo é dinheiro, o ar é dinheiro, até a merda que cagamos é dinheiro, o mais difícil é tentar tirar dinheiro através da arte, por mais minimalista que seja.

Ao ouvir isso, eu nem quis discutir – deixei a pessoa acreditando que, realmente, somente limpar terrenos é um trabalho glorioso. Um dia ela irá ver que não.

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