quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SOLO



Eu tomo um café, eu tiro o pó dos pés,
Enrolo pernas, lençóis, sonhos,
Brinco de ser companhia de mim mesma.
Eu olho pro mar do céu, mudo aqui e ali as estrelas que incomodam.
Limpo o breu dos teus olhos, dou risada do espelho.
Eu transito entre as ondas do teu cabelo,
Entro pelos botões da camisa, viro teu suor, tua sina.
Sou o fantasma da noite, amante da luz da lua.
Eu roubo a luz roubada da lua.
Eu mancho-te a pele de lira escura,
Penetro em teu rio, deleito em tua alma
Bagunço teus livros, eu risco tua calma.
Eu entro em teu quarto, eu viro devaneio,
Descubro teus anseios e te desejo e desejo.
Eu viro tua bebida mais forte,
Eu rasgo-te a carne com metal reluzente.
Eu grito em teus ouvidos o desespero da noite,
Eu sou tua morada, tua consciência ausente.

2 comentários:

Unknown disse...

e nasceram pra ser todas as coisas e outras que apenas podem pensar em ser todas as coisas.
belissímo!

blur disse...

ai de quem ficar na sua frente em alguma dessas coisas