quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ao pé do ouvido

Meu bem, eu já estou cansada de olhar pros seus olhos caídos e tentar pela última vez (e dessa vez i mean it) ser doce contigo; o relógio vai cambalhotando pelos dias e eu já não tenho as dores e os truques suficientes para me fingir feliz perto da sua presença que não me apraz. Sabe, querido, as ruas e rugas correm pela gente cheia de cabelos negros iguais aos seus, de olhos amendoados e bobamente felizes iguais aos seus, que me fitam agora, perplexos. Você não é o único, doçura, de corpinho maroto e bundinha arrebitada, você não é o único rei da parada (estou cansada de reis!); por isso não pense que teu copo de cerveja e tua saliva colada nos meus ouvidos causam algum grande efeito que me mantenha calada e estupefaça aos teus encantos mesmícios. Hoje em dia eu só tenho uma condição, piá: que você vire sua rotina every now and then e cheire o meu cabelo; que você me conte sobre o seu dia sem segundas intenções, e que pergunte sobre o meu com interesse de criança pequena. Que, às vezes, saiamos pra carnavalizar os gestos, verbalizar na rua coisas que engravatados não entendem; que derrames em mim no fim de semana o vinho sobre o corpo, e que me tomes feito bebida sagrada. Que me tomes com respeito e gozo. Que queiras mais que chupar minha cute feito lollipop, si? Porque isso, meu bem, não transcende. Isso não vibra nem surpreende; isso apenas cumpre o papel animalesco de sermos o que somos: Vorazes. O que nos falta é aquilo que me foge da memória, por não ter batido na minha porta há tanto tempo. E é isso que eu quebro, boy, trincos quebrados, perder a fechadura. Quero que enxugue a podridão dos quartos e das salas. E que seja intenso.
Portanto, só pra resumir nossa conversa, já que seus olhinhos estão tão exprimidos pra tentar entender o que eu te digo que chega a dar dó, se não puder me dar o que eu quero, faça ao menos a gentileza de cair fora. Se afaste, guy.  Afaste-se com seus dedinhos faceiros e conversas (a)fiadas; sai pra lá com seus vocativos carinhosos, que te evitam o desprazer de errar meu nome. Se afaste com elegância, não deixe marcas de barro molhado sobre a casa; não saia arrastando correntes ou parafraseando discursos românticos de livretos que lestes pro vestibular, eu os conheço. Cresça, meu bem. Deixe a barba e o caráter vir, que junto vem a doçura, a magnitude do ser e aquela responsa que os adultos sempre nos disseram ter. Do contrário, feche a porta que não temos mais porque conversar, piá. Goodbye.

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