sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Aversões


"I've written pages upon
pages trying to rid you 
from my bones"


Pudera eu ser indiferente à indiferença,
Eu queria ter o poder de secar a mente de toda a lama esguichada nos ouvidos, cuja sujeira é tanta ao ponto de escorregar pelo pescoço, mas travar na garganta.
Queria ter forças para levantar a caixa embolorada de mentiras e mesquinharias,
e jogá-la sacada abaixo.
Quisera eu não sentir raiva de mim por sentir raiva em me importar com aquelas pessoas que disseram se importar com a minha raiva.
Eu me perco em mim e sinto raiva disso também.
Estarreço-me ao ver que a menina cuja coragem e segurança eram intactas,
é a mesma que rascunha versos sem ritmo na tentativa de ser ouvida;
é a mesma rodeada por fantasmas surdos e covardes, tentando se esconder na velha e falha tática do lençol branco.
É a mesma que os teme como se fossem de verdade.
Tenho raiva de saber quem eu sou e mesmo assim não conseguir.
Tenho raiva de saber quem são e de saber que conseguem, mesmo sem saberem quem são.
Raiva da mania que têm de mostrar o que (parecem) ser.
Tenho raiva das palavras:
Enrolam-se nos dós de meus dedos com medo de deslizar; quando deslizam, não chegam a quem devia. Tenho raiva das palavras.
Raiva por elas significarem tanto e ao mesmo tempo nada. Raiva por uma atitude esfolar mais a cara do que uma vida inteira paginada.
Pudera eu ser indiferente aos indiferentes,
Falsa aos falsos,
Amável o tempo todo.
Pudera eu deixar o tempo partir.



Um comentário:

blur disse...

"I'm not like them, but i can pretend."